"Já estou cansada das palavras, mas não tenho outra forma de tocar a eternidade. Talvez o que aqui te escrevo te consiga mover mais uma vez, porque ao ler cada linha é a minha voz que irás ouvir. Talvez o teu coração perca o medo para saltar para fora do peito e descubras finalmente onde pode ser a tua casa. Ou talvez o feches em fúria, me amaldiçoes por toda a sinceridade e despudor e o escondas num lugar perdido, para nunca mais o abrir..."
"...a vida nunca é como imaginamos, espero por ti sem esperar, sonhando que aquilo que desejo, se for bom para mim e o melhor para o mundo, se realize, e a tua ausência apenas uma etapa, a razão pela qual te escrevi este diário.
Talvez ele te sirva para te libertares dos medos, abandones a caverna e as suas tristes sombras. Se assim for, de alguma forma terei cumprido a minha missão. E mesmo que não te tenha nos meus braços, viverás em mim, por tudo o que te dei, apesar de saber que é muito dificil ajudar alguém que cresceu sozinho e se habituou a nunca contar com o amor e a dedicação dos outros. Cada escravo carrega a chave da sua liberdade, por isso aqui a tens. Todo o tempo que não é dedicado ao amor é tempo perdido. E tudo o que não é dado perde-se."
Autor: Margarida Rebelo Pinto
Obra: "Diário da tua ausência"
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